Poucos carros nacionais ocupam tão pouco espaço na literatura - e na memória dos brasileiros - quanto a picape Ford F-100. Uma injustiça praticada contra um dos pioneiros feitos no país. Seu registro de nascimento data de outubro de 1957, dois meses depois de o primeiro caminhão, um F-600, ter inaugurado a linha de produção da fábrica localizada no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Ela era basicamente o mesmo veículo que foi fabricado nos Estados Unidos desde 1953 - a que mais se aproxima da nossa é a 1956. O motor, importado no primeiro ano, só viria a ser produzido no ano seguinte. A fábrica não escondia o orgulho de produzir o V8 por aqui.
Tanto que o modelo 1959 ganhou, além de pára-brisa envolvente, com área 20% maior, e novo painel de instrumentos, emblemas nas cores verde e amarelo com a inscrição "brasileiro". É exatamente dessa safra o exemplar amarelo e branco que ilustra esta reportagem. Ela pertence ao acervo do empresário Mário Zago, um ativo membro do "movimento preservacionista" das picapes. Foi comprada há cinco anos e demorou um ano e meio para ser restaurada.
A agilidade proporcionada pelo motor de oito cilindros de 4,5 litros fazia com que a picape da Ford deixasse muito carro para trás. Por esse motivo era muito bem vista por motoristas que tinham pressa ao transportar produtos perecíveis tais como verduras e peixes no trajeto São Paulo-Rio de Janeiro e São Paulo-Santos, numa época em que não era comum se ver um baú frigorífico.
O desempenho era um de seus atrativos, embora, em termos de confiabilidade e economia, a rival Chevrolet Brasil, com motor 4.2 de seis cilindros, levasse a melhor sobre o V8 272, pomposamente chamado de Power King.
A cabine da F-100 é bastante simples. O motorista tem diante de si o conjunto de instrumentos agrupados numa moldura em forma de arco. O câmbio de três marchas é manejado por meio de alavanca na coluna da grande direção, que não conta com assistência. A hoje cultuada caçamba step-side - mais estreita, com os pára-lamas salientes, que acompanhou as primeiras fornadas da F-100 - nem sempre fez todo esse sucesso. Muitos dos compradores chegaram a se livrar do equipamento original em troca de maior área oferecida pelas carrocerias de madeira, semelhantes às dos caminhões. Diante das evidências, a fábrica passou a oferecer a opção da picape sem caçamba. O freguês também podia optar pelas versões perua e furgão. Já no modelo 1961 a picape recebeu a caçamba Styleside. Mais larga, acompanhava a linha da cabine, incorporando os pára-lamas.
A estratégia de marketing adotada pela Ford nos primórdios do utilitário era bastante objetiva. Nos anúncios eram exaltadas a robustez da família de caminhões da marca e a ampla rede autorizada, com 300 concessionários espalhados pelo país. Esses argumentos tinham como alvo compradores que precisavam transportar cargas leves e que podiam optar entre a Chevrolet Brasil, a Kombi e a Willys. Esta última era mais voltada ao mercado rural e tinha opção de tração nas quatro rodas. Os hábitos mudavam rapidamente e as picapes começavam a ser usadas também para passeio. Diante das evidências, em 1965 a Ford lançou a F-100 em duas versões: a Passeio, com suspensão mais macia, era destinada ao lazer, enquanto a Rancheiro pegava no pesado. A essa altura a rival da Chevrolet era a C-10, sucessora da antiga Brasil.
Poucos aprimoramentos técnicos ganharam tanta notoriedade quanto a suspensão dianteira independente Twin-I-Beam, introduzida na F-100 em 1968, que também recebeu nova frente. Com molas helicoidais, ela aposentava o eixo rígido com molas semi-elípticas e proporcionava maior conforto e melhor dirigibilidade. A crise do petróleo forçou a Ford a oferecer uma versão da F-100 com motor de quatro cilindros. Com 120 cavalos, era o mesmo que equipava o Maverick, um curinga que foi também usado no Jeep, na Rural e na F-75, todos sobreviventes da antiga Willys.
O início da era diesel da picape data do fim de 1979. O utilitário é promovido a F-1000 - ganhou capacidade para 1 tonelada, freios a disco na frente e opção de direção hidráulica. Era o início de uma nova fase na história das picapes Ford.
Tanto que o modelo 1959 ganhou, além de pára-brisa envolvente, com área 20% maior, e novo painel de instrumentos, emblemas nas cores verde e amarelo com a inscrição "brasileiro". É exatamente dessa safra o exemplar amarelo e branco que ilustra esta reportagem. Ela pertence ao acervo do empresário Mário Zago, um ativo membro do "movimento preservacionista" das picapes. Foi comprada há cinco anos e demorou um ano e meio para ser restaurada.
A agilidade proporcionada pelo motor de oito cilindros de 4,5 litros fazia com que a picape da Ford deixasse muito carro para trás. Por esse motivo era muito bem vista por motoristas que tinham pressa ao transportar produtos perecíveis tais como verduras e peixes no trajeto São Paulo-Rio de Janeiro e São Paulo-Santos, numa época em que não era comum se ver um baú frigorífico.
O desempenho era um de seus atrativos, embora, em termos de confiabilidade e economia, a rival Chevrolet Brasil, com motor 4.2 de seis cilindros, levasse a melhor sobre o V8 272, pomposamente chamado de Power King.
A cabine da F-100 é bastante simples. O motorista tem diante de si o conjunto de instrumentos agrupados numa moldura em forma de arco. O câmbio de três marchas é manejado por meio de alavanca na coluna da grande direção, que não conta com assistência. A hoje cultuada caçamba step-side - mais estreita, com os pára-lamas salientes, que acompanhou as primeiras fornadas da F-100 - nem sempre fez todo esse sucesso. Muitos dos compradores chegaram a se livrar do equipamento original em troca de maior área oferecida pelas carrocerias de madeira, semelhantes às dos caminhões. Diante das evidências, a fábrica passou a oferecer a opção da picape sem caçamba. O freguês também podia optar pelas versões perua e furgão. Já no modelo 1961 a picape recebeu a caçamba Styleside. Mais larga, acompanhava a linha da cabine, incorporando os pára-lamas.
A estratégia de marketing adotada pela Ford nos primórdios do utilitário era bastante objetiva. Nos anúncios eram exaltadas a robustez da família de caminhões da marca e a ampla rede autorizada, com 300 concessionários espalhados pelo país. Esses argumentos tinham como alvo compradores que precisavam transportar cargas leves e que podiam optar entre a Chevrolet Brasil, a Kombi e a Willys. Esta última era mais voltada ao mercado rural e tinha opção de tração nas quatro rodas. Os hábitos mudavam rapidamente e as picapes começavam a ser usadas também para passeio. Diante das evidências, em 1965 a Ford lançou a F-100 em duas versões: a Passeio, com suspensão mais macia, era destinada ao lazer, enquanto a Rancheiro pegava no pesado. A essa altura a rival da Chevrolet era a C-10, sucessora da antiga Brasil.
Poucos aprimoramentos técnicos ganharam tanta notoriedade quanto a suspensão dianteira independente Twin-I-Beam, introduzida na F-100 em 1968, que também recebeu nova frente. Com molas helicoidais, ela aposentava o eixo rígido com molas semi-elípticas e proporcionava maior conforto e melhor dirigibilidade. A crise do petróleo forçou a Ford a oferecer uma versão da F-100 com motor de quatro cilindros. Com 120 cavalos, era o mesmo que equipava o Maverick, um curinga que foi também usado no Jeep, na Rural e na F-75, todos sobreviventes da antiga Willys.
O início da era diesel da picape data do fim de 1979. O utilitário é promovido a F-1000 - ganhou capacidade para 1 tonelada, freios a disco na frente e opção de direção hidráulica. Era o início de uma nova fase na história das picapes Ford.
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